quarta-feira, 22 de junho de 2011

Panta rei.

                                                                        
        Talvez o mais importante pré-socrático, Heráclito de Éfeso (c. 540-c. 480 a.C), "o obscuro" por apresentar seu pensamento por aforismos. Tem uma das teorias mais geniais da filosofia, e real de fato. Onde o mundo se encontra em total mudança, tudo flui (Panta rei). Para Heráclito nada permanece o  mesmo. O que de fato é hoje, amanhã não será mais. " O Sol é novo a cada dia. ", " Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos" .
         A vida se transforma em morte, a morte em vida; o úmido seca, o seco umedece; noite se transforma em dia, dia em noite, tudo está em completa mudança. A essência verdadeira está na transformação.  Além disso, todo ser tem seu oposto. Com qual está em permanente conflito. Conhecemos as coisas, pois existe o oposto, sabemos o que é alegria pois conhecemos a tristeza, por exemplo. Para Heráclito todas as qualidades sempre existem aos pares. A guerra e a paz, o quente e o frio, o amor e o ódio...


* Nunca somos os mesmos, nossa repleta mudança de pensamento, de humor, etc... Nos faz diferentes a cada dia. Tudo realmente flui. O que conhecemos e sentimos, está em uma lembrança, pois para sentir o calor, temos que lembrar como é o frio. O mundo já não é o mesmo, as culturas, os preconceitos...Bom no caso do mundo, acho que piora cada vez mais, não é mais como antigamente, e no futuro não será mais como hoje. Descobertas nascem, então o pensamento muda, o raciocínio se transforma. Marx não tentou "criar" uma sociedade perfeita?...Mas, não existe, resume-se em utopia, as mentes das pessoas não são as mesmas, nunca serão, não existe igualdade mental, talvez parecida, mas mudamos frequentemente. Jamais tudo será o mesmo."

° Um trecho de " Quincas Borba - Machado de Assis "
Um diálogo entre duas personagens, que faz sentido quanto à Heráclito.

" - [...] Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, neste caso, é a desnutrição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca viste ferver a água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.
- Bem; a opinião da bolha...
- Bolha não tem opinião. "

   

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